Os desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJMA) decidiram, por maioria, substituir a prisão
preventiva do prefeito de Santa Inês, José de Ribamar Alves, pelas medidas
alternativas de comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades,
com proibição de mudar de endereço ou ausentar-se de Santa Inês sem autorização
judicial; de manter contato com a vítima ou testemunhas apontadas no processo;
de acessar ou frequentar locais como bares, casas de shows, prostíbulos e
similares e de recolhimento domiciliar a partir das 22 horas. Caso descumpra
qualquer uma das medidas, o acusado retornará à prisão.
Ribamar Alves encontra-se afastado do cargo de prefeito, por
meio de liminar concedida em Mandado de Segurança pelo juiz da 1ª Vara de Santa
Inês, Alessandro Figueiredo, no dia 15 de fevereiro, que também determinou a
posse do vice-prefeito, Ednaldo Alves de Lima. A substituição da prisão pelas
medidas alternativas não interfere na liminar.
O prefeito está preso preventivamente desde o dia 29 de
janeiro, por decisão do desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho decretada
em plantão judicial, sob acusação de estupro contra uma jovem.
O prefeito pediu a reconsideração da prisão, sustentando que
do depoimento da suposta vítima não se extrai as elementares do crime de
estupro e afirmando que, na ocasião, inexistiu violência, grave ameaça ou a
discordância da ofendida.
A decisão se deu por maioria, conforme o voto do
desembargador José Luiz Almeida, que utilizou entendimento da doutrina e
jurisprudência de que a prisão é a última das opções, sendo utilizada em
situações em que o acusado apresenta risco à sociedade, além de considerar a
possibilidade que o gestor, ao final do processo criminal, possa vir a ser
absolvido da acusação do crime de estupro.
O relator ressaltou a fragilidade do depoimento da vítima
como a única prova da acusação. “A prisão seria uma medida extrema diante de
uma situação que, a meu juízo, não está devidamente esclarecida”, avaliou José
Luiz Almeida, cujo voto foi seguido pelo desembargador João Santana.
Almeida frisou que o crime de estupro pressupõe violência,
ameaça e constrangimento, fato que, à primeira vista, não estaria bem
tipificado. “Se trata de um prefeito, que recebeu milhares de votos e que parte
da população, a família e os amigos clamam por sua liberdade. Custo a acreditar
que ele voltará a delinquir estando solto”, justificou José Luiz Almeida.
O relator, desembargador Vicente de Paula, não constatou os
fundamentos suficientes para reconsiderar a decisão, votando pela manutenção da
prisão para garantia da efetividade do processo criminal e da plena realização
das provas destinadas à fundamentação da decisão final, condenatória ou não.
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